quarta-feira, 30 de setembro de 2009

TEMPO


Ontem,

a lágrima da aranha
gotejou da agulha,
o veneno fiel
hipnotizou a ferida.

(sangrou)
(sangrou),

fez no coração da menina,
o primeiro amor...

Setenta anos depois...

O novelo da lã,
o carretel de linha,
teceram a derradeira
lágrima na anciã...

Que clama:

Pelo primeiro amigo,
único companheiro
e verdadeiro Amor!

E ainda chama...
E chama...

Após cem anos,

do fio da meada embaraçada,
haverá de gotejar uma lágrima
e arranhar os olhos da Matriarca...


[... e presa na arca, uma aranha ainda tece
sem nenhuma pressa a foto daquela mulher!]


Élsio Soares