INSÔNIA
Cinzas dormidas no patamar noturno das brisas
Esmaga-se ao passo felino,
Calmo tal luar febril das chamas.
Esvoaça pela noite garrida
Das nuas vidas da insônia,
D’onde o mel ultraja a ferida
No vértice dos ventos
E no suor esquálido das chuvas.
Suga o amanhecer da minha morte bendita
E faze de mim um cinzeiro mortal
De tuas cinzas,
Que ao calar o refúgio
Se faz fechar o bocejo irônico da vida.
Dorme e sonha junto às ninfas,
Ó cigarro curador de minha insônia!
Mata-me ao desejo
Nesta cama de esfumaço...
Mata-me, ó insônia,
Até que eu mereça dormir
Na sombra vil do cansaço!...
Élsio Américo Soares